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Tiradentes revelado: conheça a história que você NÃO aprendeu na escola

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi um mártir da Inconfidência Mineira e seu dia é celebrado como feriado nacional em 21 de abril, desde 1965. Ele foi enforcado em 21 de abril de 1792, na Praça da Lampadosa (atual Praça Tiradentes), no centro do Rio de Janeiro

No final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil.

Os Inconfidentes tinham uma série de propostas para a capitania de Minas Gerais como:

  • Romper com Portugal e adotar um regime republicano (a capital seria São João del Rei);
  • Criar indústrias;
  • Fundar uma universidade em Vila Rica;
  • Acabar com o monopólio comercial português;
  • Adotar o serviço militar obrigatório;
  • Instituir parlamentos locais que seriam subordinados a um parlamento regional.

A bandeira do novo país seria um pavilhão que conteria a frase latina Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia). Mais tarde, um desenho semelhante e o lema seriam a base para a criação da bandeira do Estado de Minas Gerais.

Prisão

Tiradentes passou seus últimos três anos de vida na prisão antes de ser enforcado.

Por que Tiradentes foi o único inconfidente enforcado?

Porque, entre aqueles que se rebelaram contra o domínio português, em 1779, Tiradentes era o de classe mais baixa (mas não era pobre. Ele tinha 43 jazidas de ouro). Além disso, foi o único que havia feito propaganda aberta do movimento.

Seu ofício de dentista (um trabalho braçal, malvisto na época) também pode ter pesado na decisão. Originalmente, porém, outros cinco também haviam sido condenados à morte pelo crime de lesa-majestade (traição à pessoa do rei). Mas foram perdoados pela rainha dona Maria 1ª e expulsos para a África.

Barba e cabelo

Diferente do que mostram as imagens dos livros didáticos, Tiradentes nunca usou barba e cabelos longos. Por ser militar, o máximo que poderia usar era um discreto bigode. Na hora do enforcamento, ele estava de cabelo raspado e barba feita.

A primeira pintura oficial de Tiradentes data de 1890, quando foi feita retratando o mártir com barbas e bigodes, parecendo a imagem que se tem de Jesus Cristo.

Novo herói

Não foi a morte que o transformou em um herói. Apenas em 9 de dezembro de 1965 que o dia 21 de abril – data do enforcamento de Tiradentes – foi considerado feriado nacional. Isso foi instituído pelo presidente Castelo Branco, por meio da Lei N. 4.897.

Sua fama como dentista

Como dentista, Tiradentes não gostava muito de arrancar os dentes de seus pacientes. Preferia preservá-los. Mas, quando era necessário, o fazia. Também fazia coroas em marfim e osso de boi para preservar os dentes possíveis.

Outros trabalhos

Além de ter trabalhado como dentista, Tiradentes foi tropeiro, minerador e até engenheiro. Entrou para a 6ª companhia de Dragões de Minas Gerais, como alferes, uma espécie de segundo-tenente.

Patrono cívico da nação

Tiradentes é o “patrono cívico da nação”, ou seja, o único brasileiro que tem sua data de morte como feriado nacional.

Por meio da lei n º. 4.987, de 9 de novembro de 1965, sancionada pelo então presidente Humberto de Alencar Castello Branco, durante a ditadura militar, Tiradentes foi proclamado “patrono cívico da nação brasileira.”

O primeiro artigo da lei declara Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, “patrono cívico da Nação Brasileira”, enquanto que o segundo determina que forças armadas, repartições públicas, estabelecimentos de ensino e empresas públicas homenageiem “a memória deste patrono” no dia 21 de abril, “efeméride comemorativa de seu holocausto”. As festividades, de acordo ainda com a lei, seriam programadas anualmente.

Talvez o mais interessante desta lei, contudo, seja o seu artigo terceiro, que faz uma espécie de absolvição do mais famoso dos líderes da Inconfidência Mineira:

Esta manifestação do povo e do Governo da República em homenagem ao Patrono da Nação Brasileira visa evidenciar que a sentença condenatória de Joaquim José da Silva Xavier não é labéu que lhe infame a memória, pois é reconhecida e proclamada oficialmente pelos seus concidadãos, como o mais alto título de glorificação do nosso maior compatriota de todos os tempos”.

A data fez parte de uma série de festividades de cunho cívico e nacionalistas do regime autoritário. A ideia por trás dessas ações era fomentar a celebração de uma história nacional baseada nos mitos de “grandes heróis do passado”.

Referências:

 

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